domingo, 5 de novembro de 2017

Festival carioca de música faz sucesso em sua primeira edição carioca.

Festival carioca de música faz sucesso em sua primeira edição carioca.Luis Carlos Afonso Pires, 7º período, campus Madureira.

Fotos por Luis Carlos. 

RIO ART MIX FESTIVAL
Local: Vivo rio

Raimundos e convidados fechando a primeira edição do evento.


PRIMEIRA NOITE: 2 DE NOVEMBRO.

Antes do CPM22 entra ao palco, a casa já se encontrava com um público maior e de fato se comprovava que eles eram os headliners daquela noite. Acredito que seja uma coisa até contratual, mas por que a Banda mais conhecida encerraria o evento? Já que o receio que eu tinha de que assim que o grupo acabasse sua apresentação, o público ou de pelo menos, boa parte dele fosse embora e o local ficasse mais vazio acabou se concretizando. E digo mais, quem foi embora iria se arrepender, mas eu ainda vou chegar lá porque agora era a vez do CPM22, um grupo surgido na década de 90, precisamente em 1995, e que faz o chamado “Hardcore melódico”, bem aos moldes de bandas antigas como Bad Religion. Não faltaram seus “clássicos”, músicas como “Um minuto para o fim do mundo”, “”Regina let´s go”, “Dias atrás”, “Não sei viver sem ter você” e aquela que para mim tenha sido o destaque, “Honrar o teu nome”, música que o vocalista Badauí fez em homenagem ao seu Pai. O CPM22 fez com que o local tivesse suas primeiras “rodas de mosh” (dança típica em shows de Rock) e um público soltando os pulmões cantando junto todas as canções do grupo paulistano.  Quando eu disse sobre o local ficar mais vazio, o primeiro sinal disso seria na apresentação de Alf Sá, músico que fez parte do Rumbora, como o Raimundos e Autoramas mais uma banda de Brasília, grupos esses que também estavam no cast do evento. Ainda que sua música contasse com alguns flertes com o Rock, estava inserido ali a música eletrônica, onde Alf divulgava seu disco “Você já está aqui”, lançado no início deste ano. Ele estava acompanhado de um batera. Naturalmente não atraiu tanta atenção de um público que parecia mais interessado em curtir Rock, mas não fez feio, longe disso, pois muitos dos que estavam ali sabiam as letras de cor e curtiram o som dele até o final.

CPM22 e seu hardcore melódico em ação.
A seguir, viria aquela que eu achei a melhor apresentação da noite, o Autoramas, grupo com 20 anos de estrada, e liderada pelo incansável e batalhador Gabriel Thomaz, que ao lado de Erika Martins (ex-Penelope), Fábio Lima (que substituiu Fred, ex-baterista do Raimundos) e Jairo Fajersztajn no baixo, levaram o palco abaixo com uma apresentação repleta de muita adrenalina e muita diversão, onde várias vezes os músicos brincavam entre si no palco. Eles até desceram dele para agitar com a galera presente. A presença de Érika e de Jairo deram um up na formação, agitam demais e possuem uma baita empatia com o público, aliás, o Autoramas é realmente uma banda de palco e de estrada. A prova disso é que fazem turnê pelo mundo inteiro, mais recentemente nos Estados Unidos e México e ano passado na Europa. Não faltaram seus “clássicos” e até tocaram uma do Little Quail and the Madbirds, banda que Gabriel Thomaz fez parte, com a música “1,2,3,4,”. Ao ouvi-los tocando essa música, me lembrei de sua apresentação no Garage, lá pelos idos da década de 90.

O Autoramas colocou todo mundo pra dançar.
Para encerrar a primeira noite, Black Alien, rapper conhecido entre os cariocas, inclusive, fez parte do Planet Hemp quando substituiu BNegão, que faria parte do Funk Fuckers. Assim como Alf Sá, ele se apresentaria depois de uma Banda de Rock, mas, o impacto no público foi bem diferente e quem esteve assistindo o Autoramas não arredou o pé do local e ficou para assistir à apresentação dele até o final. Músicas do seu aclamado e primeiro disco “Babylon by Gus – Vol.1: O ano do macaco” foram cantadas e acompanhadas com atenção por um público apaixonado pelo rapper.  O set list parecia ser menor, o mesmo aconteceu com o Autoramas mas ao contrário deles, Black Alien não se importou muito com isso e acabou esticando sua apresentação, isso a cada vez que o público ficava extasiado a cada término de uma música.

Black Alien, ex-Planet Hemp, em carreira solo.



SEGUNDA E ÚLTIMA NOITE: 3 DE NOVEMBRO.

Se o primeiro dia foi bom, o segundo foi melhor ainda. Com o evento sendo mais pontualmente do que o dia anterior, os Monstros do Ula Ula subiram ao palco para detonar sua Surf Music envenenada para tocar e agradar em cheio o público presente. Começaram o show com a música “Sem Sentido”, música que ganhou um clipe e faz parte do seu novo trabalho, aliás, o show foi calcado nas músicas desse trabalho, intitulado “A balada do Tikisiripolvo”. Outras músicas se destacaram, caso de “O médico e o monstro” e “O prenúncio do mal”, e uma música que não faz parte do disco chamada “Quando te vejo”. O grupo é formada por feras que tocaram em grandes Bandas do cenário como Matanza, X-Rated, Planet Hemp, Coquetel Molotov, entre outras. Ou seja, um time de primeira que para mim não deveriam nem estar abrindo. Esse papel sim, caberia a cantora Deia Cassali, uma boa cantora que fez uma apresentação convincente e que tem uma presença de palco muito boa. Com seu discurso sobre a política e o papel da mulher na sociedade, em especial, na música Brasileira, ela agradou os presentes. Ao assistir a Deia não tinha como não reconhecer em sua música, o que a Pitty e a Avril Lavigne já fazem. Suas músicas próprias são boas, porém, achei que os covers em sua apresentação foram excessivos já que seria mais bacana mostrar suas próprias músicas sendo elas muito boas, como a música “Incorrigível sou eu”. Em sua apresentação, ela já entrou no palco tocando “Máscara” da cantora Pitty, fora músicas de outros artistas como Linkin Park e Charlie Brown. Ganhou o jogo, mas será que valeu a pena sabendo que as pessoas estavam curtindo por ser músicas de outros artistas? Fica a reflexão e a certeza de que ela tem bem mais a oferecer musicalmente.
A Surf Music envenenada dos Monstros do Ula Ula.
Depois de Deia Cassali, quem entraria no palco seria a Rocco Vegas, Banda de Fortaleza, Ceará. Liderados pelo vocalista Maurílio Fernandes, o quinteto fez bonito no palco do Rio Art Mix. O vocalista mexeu com o público, agitou demais e até jogou CD para a galera. Músicas como “O cais” e “O.V.N.I (objeto vivo não identificado) agradaram em cheio e o grupo saiu dali com a sensação da vitória de quem fez uma boa apresentação e deixou uma boa impressão. Fecharam sua apresentação com a música “O anti-herói”, que contou com as excelentes participações dos vocalistas das Bandas Drenna e Novezeronove. Bacana ver essa união entre as bandas, principalmente entre as mais novas. A seguir, veio a banda que por pouco não roubaria a cena da noite. Isso é claro, se o Raimundos não fosse tão grandioso. Essa banda se chama Supercombo, grupo oriundo de Vitória, Espírito Santo. A empatia entre o grupo e o público foi sensacional, muitos que estavam ali cantavam todas as músicas, aliás, parecia mesmo que muitos ali só estavam no evento para assisti-los. A sincronia entre os vocais do guitarrista Léo Ramos e da baixista Carlo Navarro é incrível. Particularmente, gostei mais da voz da Carol, já que em partes mais acústicas, o vocal anasalado de Léo me incomodava um pouco, mas ao mesmo tempo a sabia que era justamente isso que fazia a diferença nos vocais da banda. Aliás, quem precisa de virtuosismo para fazer uma música excelente que eles já fazem, aliás, bem difícil até para rotular, se é que isso é necessário. O entrosamento deles no palco foi perfeito. Tarefa difícil destacar alguma música em sua apresentação, porém, canções como “”Grão de areia”, “ Bonsai” e “Campo de força” foram alguns dos pontos altos da noite. A atração seguinte passou pela mesma situação que Alf Sá e Black Alien, ou seja, tocaram depois de uma banda de Rock e para um público menor, mas, apaixonado também. Rico Dalasam, rapper paulista, entrou no palco com o jogo ganho. Reconhecido também por ser o precursor do que chamam de “Queer rap” e pela defesa da diversidade, Rico cantou para um público mais interessado em sua música e que cantavam todas as suas letras com toda sua atitude e reverência. Músicas como “Fogo em mim” e “Não deito pra nada” foram destaques. Não sei se por sua timidez ou pela postura mesmo, mas acho que Rico poderia interagir bem mais com o público, onde algumas meninas gritavam apaixonadamente pelo rapper. Ao meu ver fazendo anotações sobre a apresentação, uma delas me disse: “escreve aí que ele é maravilhoso”. Um ponto negativo, e não em sua apresentação, já que de alguma forma o problema acabou sendo bom no final, foi a tentativa de uma ofensa ao cantor, onde prontamente a ofensa foi rechaçada por algumas pessoas do público. Felizmente não tomou proporções maiores e muito menos tirou o brilho da apresentação de Dalasam, que fez bem ter ignorado isso, se é que ele ouviu. De qualquer forma nem valeria a pena mesmo.

Supercombo, a banda mais emocional do festival.
Para encerrar a noite e o evento Rio Art Mix, os Raimundos. Com o pequeno e brilhante discurso de Digão ao falar: “Somos poucos, mas somos fiéis”, em referência ao público local, entraram acelerados no palco mostrando o porquê são considerados umas das melhores bandas do Rock Brasileiro. Sim, há tempos Rodolfo não faz mais falta alguma, já que Digão assumiu o posto e fez com que a Banda renascesse das cinzas. Aliás, o grupo me parece ainda mais forte e mesmo que alguns saudosistas de plantão insistam em justificar a falta do ex-vocalista, é impossível não concordar de como o grupo se tornou mais unido sem a presença dele. É Claro que faltaram alguns clássicos do grupo, talvez por conta da hora, mas foi um set list recheado de músicas que fizeram com que o público cantasse a plenos pulmões músicas como “Mulher de fases”, “I say you saying (that you say that you saw). Continuam divertidíssimos no palco, com destaque para o baixista Canisso que brincava com o vento do ventilador no palco em seu cabelo e provocava risos entre alguns presentes, entre eles Bnegão e Alf Sá, músicos que se divertiam com isso e que no final da apresentação se juntaram aos Raimundos para tocar “Eu quero ver o oco” e “Puteiro em João Pessoa”. Falando em participação, Fred Nascimento, ex-baterista do grupo, que estava no dia anterior assistindo o evento, subiu ao palco para se juntar ao seus ex-companheiros de banda para tocar “esporrei na manivela” e “As palhas do coqueiro”, assim como no final da apresentação. Os Raimundos merecem chegar onde chegaram e estão de Parabéns, aliás, a produção do evento, que na voz de um dos produtores e patrocinadores, prometeram uma futura edição. Torço para que isso aconteça e que o público carioca compareça em massa dessa vez.


SOBRE O EVENTO.

Se eu tivesse que fazer alguma crítica, e não que ela seja realmente negativa já que a produção do evento foi excelente em todos os sentidos, é a de que o evento deveria ficar mais atento ao horário caso pretenda fazer uma nova edição. Em vez de 21 horas, acho que teria sido melhor se começassem as 19 ou 20 horas, ou, se começasse 21 horas que pelo menos tivesse um cast menor para que assim não acabasse tão tarde.
O evento também caiu em um feriado prolongado, fora que o Vivo Rio é uma casa excelente, mas mesmo sendo no Centro do Rio, ainda acho um pouco contramão, ainda mais para uma cidade que vive uma violência absurda nos dias de hoje. Eu acredito que muitas pessoas não devem ter ido por conta disso também. O trabalho dos fotógrafos também foi bem dificultado porque a iluminação na frente do palco era inexistente e os rostos dos músicos ficavam escondidos. Inclusive foi preciso que alguns fotógrafos fossem até a mesa de som para pedir que colocasse luz. Outra foi a presença liberada por credencial para que parte do público ficasse na área onde os fotógrafos fazem o trabalho. Daria tranquilamente para eles ficarem na grade, já que era um entra e sai exagerado e acabava por algumas vez causar transtornos entre a segurança e o público.

Uma coisa bacana foi a de pessoas fantasiadas oferecendo Catuaba para o público, fazendo assim, como que o evento se tornasse ainda mais divertido. Inclusive alguns deles foram convidados ao palco para provar a catuaba que estava sendo oferecida por um patrocinador do evento. Então, que venha a próxima edição !

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