Festival carioca de música faz sucesso em sua primeira edição carioca.Luis Carlos Afonso Pires, 7º
período, campus Madureira.
Fotos por Luis Carlos.
RIO ART MIX FESTIVAL
Local: Vivo rio
Raimundos e convidados fechando a primeira edição do evento. |
PRIMEIRA NOITE: 2 DE NOVEMBRO.
Antes do CPM22 entra ao palco, a
casa já se encontrava com um público maior e de fato se comprovava que eles
eram os headliners daquela noite. Acredito que seja uma coisa até contratual,
mas por que a Banda mais conhecida encerraria o evento? Já que o receio que eu
tinha de que assim que o grupo acabasse sua apresentação, o público ou de pelo
menos, boa parte dele fosse embora e o local ficasse mais vazio acabou se
concretizando. E digo mais, quem foi embora iria se arrepender, mas eu ainda
vou chegar lá porque agora era a vez do CPM22, um grupo surgido na década de 90,
precisamente em 1995, e que faz o chamado “Hardcore melódico”, bem aos moldes
de bandas antigas como Bad Religion. Não faltaram seus “clássicos”, músicas
como “Um minuto para o fim do mundo”, “”Regina let´s go”, “Dias atrás”, “Não
sei viver sem ter você” e aquela que para mim tenha sido o destaque, “Honrar o
teu nome”, música que o vocalista Badauí fez em homenagem ao seu Pai. O CPM22
fez com que o local tivesse suas primeiras “rodas de mosh” (dança típica em
shows de Rock) e um público soltando os pulmões cantando junto todas as canções
do grupo paulistano. Quando eu disse
sobre o local ficar mais vazio, o primeiro sinal disso seria na apresentação de
Alf Sá, músico que fez parte do Rumbora, como o Raimundos e Autoramas mais uma
banda de Brasília, grupos esses que também estavam no cast do evento. Ainda que
sua música contasse com alguns flertes com o Rock, estava inserido ali a música
eletrônica, onde Alf divulgava seu disco “Você já está aqui”, lançado no início
deste ano. Ele estava acompanhado de um batera. Naturalmente não atraiu tanta
atenção de um público que parecia mais interessado em curtir Rock, mas não fez
feio, longe disso, pois muitos dos que estavam ali sabiam as letras de cor e
curtiram o som dele até o final.
CPM22 e seu hardcore melódico em ação. |
A seguir, viria aquela que eu
achei a melhor apresentação da noite, o Autoramas, grupo com 20 anos de
estrada, e liderada pelo incansável e batalhador Gabriel Thomaz, que ao lado de
Erika Martins (ex-Penelope), Fábio Lima (que substituiu Fred, ex-baterista do
Raimundos) e Jairo Fajersztajn no baixo, levaram o palco abaixo com uma
apresentação repleta de muita adrenalina e muita diversão, onde várias vezes os
músicos brincavam entre si no palco. Eles até desceram dele para agitar com a
galera presente. A presença de Érika e de Jairo deram um up na formação, agitam
demais e possuem uma baita empatia com o público, aliás, o Autoramas é
realmente uma banda de palco e de estrada. A prova disso é que fazem turnê pelo
mundo inteiro, mais recentemente nos Estados Unidos e México e ano passado na
Europa. Não faltaram seus “clássicos” e até tocaram uma do Little Quail and the
Madbirds, banda que Gabriel Thomaz fez parte, com a música “1,2,3,4,”. Ao
ouvi-los tocando essa música, me lembrei de sua apresentação no Garage, lá
pelos idos da década de 90.
O Autoramas colocou todo mundo pra dançar. |
Para encerrar a primeira noite,
Black Alien, rapper conhecido entre os cariocas, inclusive, fez parte do Planet
Hemp quando substituiu BNegão, que faria parte do Funk Fuckers. Assim como Alf
Sá, ele se apresentaria depois de uma Banda de Rock, mas, o impacto no público
foi bem diferente e quem esteve assistindo o Autoramas não arredou o pé do
local e ficou para assistir à apresentação dele até o final. Músicas do seu
aclamado e primeiro disco “Babylon by Gus – Vol.1: O ano do macaco” foram
cantadas e acompanhadas com atenção por um público apaixonado pelo rapper. O set list parecia ser menor, o mesmo
aconteceu com o Autoramas mas ao contrário deles, Black Alien não se importou
muito com isso e acabou esticando sua apresentação, isso a cada vez que o
público ficava extasiado a cada término de uma música.
Black Alien, ex-Planet Hemp, em carreira solo. |
SEGUNDA E ÚLTIMA NOITE: 3 DE
NOVEMBRO.
Se o primeiro dia foi bom, o
segundo foi melhor ainda. Com o evento sendo mais pontualmente do que o dia
anterior, os Monstros do Ula Ula subiram ao palco para detonar sua Surf Music
envenenada para tocar e agradar em cheio o público presente. Começaram o show
com a música “Sem Sentido”, música que ganhou um clipe e faz parte do seu novo
trabalho, aliás, o show foi calcado nas músicas desse trabalho, intitulado “A
balada do Tikisiripolvo”. Outras músicas se destacaram, caso de “O médico e o
monstro” e “O prenúncio do mal”, e uma música que não faz parte do disco
chamada “Quando te vejo”. O grupo é formada por feras que tocaram em grandes
Bandas do cenário como Matanza, X-Rated, Planet Hemp, Coquetel Molotov, entre
outras. Ou seja, um time de primeira que para mim não deveriam nem estar
abrindo. Esse papel sim, caberia a cantora Deia Cassali, uma boa cantora que
fez uma apresentação convincente e que tem uma presença de palco muito boa. Com
seu discurso sobre a política e o papel da mulher na sociedade, em especial, na
música Brasileira, ela agradou os presentes. Ao assistir a Deia não tinha como não
reconhecer em sua música, o que a Pitty e a Avril Lavigne já fazem. Suas
músicas próprias são boas, porém, achei que os covers em sua apresentação foram
excessivos já que seria mais bacana mostrar suas próprias músicas sendo elas muito
boas, como a música “Incorrigível sou eu”. Em sua apresentação, ela já entrou
no palco tocando “Máscara” da cantora Pitty, fora músicas de outros artistas
como Linkin Park e Charlie Brown. Ganhou o jogo, mas será que valeu a pena
sabendo que as pessoas estavam curtindo por ser músicas de outros artistas?
Fica a reflexão e a certeza de que ela tem bem mais a oferecer musicalmente.
A Surf Music envenenada dos Monstros do Ula Ula. |
Depois de Deia Cassali, quem
entraria no palco seria a Rocco Vegas, Banda de Fortaleza, Ceará. Liderados
pelo vocalista Maurílio Fernandes, o quinteto fez bonito no palco do Rio Art
Mix. O vocalista mexeu com o público, agitou demais e até jogou CD para a
galera. Músicas como “O cais” e “O.V.N.I (objeto vivo não identificado)
agradaram em cheio e o grupo saiu dali com a sensação da vitória de quem fez
uma boa apresentação e deixou uma boa impressão. Fecharam sua apresentação com
a música “O anti-herói”, que contou com as excelentes participações dos
vocalistas das Bandas Drenna e Novezeronove. Bacana ver essa união entre as
bandas, principalmente entre as mais novas. A seguir, veio a banda que por
pouco não roubaria a cena da noite. Isso é claro, se o Raimundos não fosse tão
grandioso. Essa banda se chama Supercombo, grupo oriundo de Vitória, Espírito
Santo. A empatia entre o grupo e o público foi sensacional, muitos que estavam
ali cantavam todas as músicas, aliás, parecia mesmo que muitos ali só estavam
no evento para assisti-los. A sincronia entre os vocais do guitarrista Léo
Ramos e da baixista Carlo Navarro é incrível. Particularmente, gostei mais da
voz da Carol, já que em partes mais acústicas, o vocal anasalado de Léo me
incomodava um pouco, mas ao mesmo tempo a sabia que era justamente isso que
fazia a diferença nos vocais da banda. Aliás, quem precisa de virtuosismo para
fazer uma música excelente que eles já fazem, aliás, bem difícil até para
rotular, se é que isso é necessário. O entrosamento deles no palco foi
perfeito. Tarefa difícil destacar alguma música em sua apresentação, porém,
canções como “”Grão de areia”, “ Bonsai” e “Campo de força” foram alguns dos
pontos altos da noite. A atração seguinte passou pela mesma situação que Alf Sá
e Black Alien, ou seja, tocaram depois de uma banda de Rock e para um público
menor, mas, apaixonado também. Rico Dalasam, rapper paulista, entrou no palco
com o jogo ganho. Reconhecido também por ser o precursor do que chamam de
“Queer rap” e pela defesa da diversidade, Rico cantou para um público mais
interessado em sua música e que cantavam todas as suas letras com toda sua
atitude e reverência. Músicas como “Fogo em mim” e “Não deito pra nada” foram
destaques. Não sei se por sua timidez ou pela postura mesmo, mas acho que Rico
poderia interagir bem mais com o público, onde algumas meninas gritavam apaixonadamente
pelo rapper. Ao meu ver fazendo anotações sobre a apresentação, uma delas me
disse: “escreve aí que ele é maravilhoso”. Um ponto negativo, e não em sua
apresentação, já que de alguma forma o problema acabou sendo bom no final, foi
a tentativa de uma ofensa ao cantor, onde prontamente a ofensa foi rechaçada
por algumas pessoas do público. Felizmente não tomou proporções maiores e muito
menos tirou o brilho da apresentação de Dalasam, que fez bem ter ignorado isso,
se é que ele ouviu. De qualquer forma nem valeria a pena mesmo.
Supercombo, a banda mais emocional do festival. |
Para encerrar a noite e o evento
Rio Art Mix, os Raimundos. Com o pequeno e brilhante discurso de Digão ao
falar: “Somos poucos, mas somos fiéis”, em referência ao público local,
entraram acelerados no palco mostrando o porquê são considerados umas das melhores
bandas do Rock Brasileiro. Sim, há tempos Rodolfo não faz mais falta alguma, já
que Digão assumiu o posto e fez com que a Banda renascesse das cinzas. Aliás, o
grupo me parece ainda mais forte e mesmo que alguns saudosistas de plantão
insistam em justificar a falta do ex-vocalista, é impossível não concordar de
como o grupo se tornou mais unido sem a presença dele. É Claro que faltaram
alguns clássicos do grupo, talvez por conta da hora, mas foi um set list
recheado de músicas que fizeram com que o público cantasse a plenos pulmões
músicas como “Mulher de fases”, “I say you saying (that you say that you saw).
Continuam divertidíssimos no palco, com destaque para o baixista Canisso que
brincava com o vento do ventilador no palco em seu cabelo e provocava risos
entre alguns presentes, entre eles Bnegão e Alf Sá, músicos que se divertiam
com isso e que no final da apresentação se juntaram aos Raimundos para tocar
“Eu quero ver o oco” e “Puteiro em João Pessoa”. Falando em participação, Fred
Nascimento, ex-baterista do grupo, que estava no dia anterior assistindo o evento,
subiu ao palco para se juntar ao seus ex-companheiros de banda para tocar “esporrei
na manivela” e “As palhas do coqueiro”, assim como no final da apresentação. Os
Raimundos merecem chegar onde chegaram e estão de Parabéns, aliás, a produção
do evento, que na voz de um dos produtores e patrocinadores, prometeram uma
futura edição. Torço para que isso aconteça e que o público carioca compareça
em massa dessa vez.
SOBRE O EVENTO.
Se eu tivesse que fazer alguma
crítica, e não que ela seja realmente negativa já que a produção do evento foi
excelente em todos os sentidos, é a de que o evento deveria ficar mais atento
ao horário caso pretenda fazer uma nova edição. Em vez de 21 horas, acho que teria
sido melhor se começassem as 19 ou 20 horas, ou, se começasse 21 horas que pelo
menos tivesse um cast menor para que assim não acabasse tão tarde.
O evento também caiu em um
feriado prolongado, fora que o Vivo Rio é uma casa excelente, mas mesmo sendo
no Centro do Rio, ainda acho um pouco contramão, ainda mais para uma cidade que
vive uma violência absurda nos dias de hoje. Eu acredito que muitas pessoas não
devem ter ido por conta disso também. O trabalho dos fotógrafos também foi bem
dificultado porque a iluminação na frente do palco era inexistente e os rostos
dos músicos ficavam escondidos. Inclusive foi preciso que alguns fotógrafos
fossem até a mesa de som para pedir que colocasse luz. Outra foi a presença
liberada por credencial para que parte do público ficasse na área onde os
fotógrafos fazem o trabalho. Daria tranquilamente para eles ficarem na grade,
já que era um entra e sai exagerado e acabava por algumas vez causar
transtornos entre a segurança e o público.
Uma coisa bacana foi a de pessoas
fantasiadas oferecendo Catuaba para o público, fazendo assim, como que o evento
se tornasse ainda mais divertido. Inclusive alguns deles foram convidados ao
palco para provar a catuaba que estava sendo oferecida por um patrocinador do
evento. Então, que venha a próxima edição !
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