Por: Louise Moraes
7° Período - Madureira
As
indicações para transplante de órgãos estão se tornando mais frequentes, elevando
o número de potenciais receptores. Contudo, esse aumento na demanda não tem
acompanhado a oferta de órgãos para transplante.
Isso
ocorre não apenas pela desproporção entre o número de pacientes aguardando
transplante e o número de pessoas que apresentam morte encefálica (situação
propícia para a doação de órgãos), mas também devido à baixa taxa de
identificação e efetivação dos potenciais doadores.
Um doador é capaz de salvar mais de vinte pessoas. Foto: divulgação. |
Apesar
do número de transplante de órgãos no Brasil ter aumentado em 15,7% no primeiro
semestre de 2017, se comparado com o mesmo período do ano anterior, tendo em
vista a complexidade do processo de doação-transplante, poucos possíveis
doadores tornam-se doadores efetivos.
Segundo
Roberto Manfro, presidente da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de
Órgãos), o Brasil se encontra mundialmente em um nível intermediário de
doações. Nosso índice é de 16,2 doações pmp (por milhão de população) por ano,
enquanto os países mais desenvolvidos possuem 35 pmp em média.
Portanto,
é necessário ampliar a conscientização da população sobre o significado e a
importância do processo de doação-transplante. Roberto comentou a respeito:
O
ministro da Saúde, Ricardo Barros, também ressalta que a recusa em doar órgãos
ainda é um desafio a ser superado.
— A
cada ano batemos novos recordes, mas em algumas modalidades de transplante
temos cinco anos de fila de espera, cerca de 40% das famílias se recusam a
fazer a doação dos órgãos de parentes falecidos. Então há um conjunto de
medidas a tomar. Precisamos fazer campanhas de conscientização para que as
famílias autorizem a doação de órgãos, e facilitar a regulação da legislação
que envolve essa questão.
Recusa de familiares por potenciais doadores no Nordeste em 2016.
Fonte: Associação Brasileira de Transplante de Orgãos. |
Doação em vida
O
doador em vida deve estar saudável, de acordo com avaliação médica, ter mais de
21 anos, ser capaz juridicamente e
concordar com a doação. Entretanto, a doação ocorrerá apenas se o transplante
não comprometer suas aptidões vitais.
Podem
ser doados para transplante: o rim, medula óssea e parte do fígado ou do pulmão.
Para doar a pessoas que não são parte da família, é preciso ter autorização
judicial. No caso de cônjuges e parentes de até quarto grau, com
compatibilidade sanguínea, não é necessário o aval da justiça.
Doação
após a morte
No
Brasil, para ser doador não é necessário deixar documento por escrito. Basta
comunicar previamente a família, pois somente os parentes podem autorizar a
doação. Para as pessoas que são casadas, quem autoriza é o conjugue. Se houver
filhos maiores de 18 anos, a decisão é deles. Em outro caso, a escolha é feita
pelos pais do falecido. Por fim, os parentes próximos.
A
doação de órgãos e tecidos pode ocorrer após a constatação de morte encefálica,
que significa a interrupção irreversível das funções cerebrais. O doador é
capaz de salvar mais de vinte pessoas, podendo doar córneas, coração, fígado,
pulmão, rim, pâncreas, ossos, vasos sanguíneos, pele, tendões e cartilagem.
- Uma pessoa em coma também pode ser doadora?
Não.
Coma é um estado reversível. Morte encefálica é um quadro irreversível. Uma
pessoa apenas se torna potencial doadora depois do correto diagnóstico de morte
encefálica, e da autorização dos familiares para a retirada dos órgãos. Para
constatar a morte encefálica, primeiro são feitos testes neurológicos, os quais
são repetidos seis horas depois. Ao final, ainda é realizado um exame
complementar (um eletroencefalograma ou uma arteriografia).
- Como é feita a cirurgia?
Os transplantes ocorrem
através de uma cirurgia tradicional e todos os cuidados de reconstituição do
corpo são obrigatórios pela Lei n° 9.434/1997. Ao termino do procedimento, o
corpo fica como antes, sem qualquer deformidade. Não há necessidade de
sepultamentos especiais.
- Podemos escolher o receptor?
Não, este será sempre indicado
pela Central de Transplantes, a não ser em caso de doação em vida. Quando
existe mais de um receptor compatível, a decisão sobre quem receberá o órgão
passa por critérios previamente estabelecidos: como tempo de espera e urgência
do caso. A Central de Transplantes emite uma lista de potenciais receptores
para cada órgão e comunica aos hospitais e às equipes de transplantes
responsáveis pelos pacientes
- Restrições para doação
São
considerados critérios mínimos de seleção como idade e o diagnóstico que levou
à morte e o tipo sanguíneo; esses são itens estudados do provável doador para
saber se há receptor compatível. A restrição absoluta para doação será em casos
de pessoas com doenças infecciosas ativas e aidéticos. Além disso, fumantes não
são doadores de pulmão.
- Cadastramento na fila de transplantes
Tanto
os pacientes particulares, como os da rede conveniada, ou indicados pelo SUS,
passam pelos mesmos exames e seguem protocolos iguais. São todos inscritos de
forma gratuita na fila de espera por um órgão de doador falecido.
A fila é unificada e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes. Ao ser cadastrado, os pacientes são separados de acordo com o órgão que necessitam, tipo sanguíneo e outras especificações técnicas. Embora a lista única tenha ordem cronológica de inscrição, a chamada, dependendo do órgão, leva em conta também a gravidade do problema e a compatibilidade sanguínea/genética com o doador.
A fila é unificada e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes. Ao ser cadastrado, os pacientes são separados de acordo com o órgão que necessitam, tipo sanguíneo e outras especificações técnicas. Embora a lista única tenha ordem cronológica de inscrição, a chamada, dependendo do órgão, leva em conta também a gravidade do problema e a compatibilidade sanguínea/genética com o doador.
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