sábado, 15 de outubro de 2016

Enquete: O limite entre a prestação de serviço e a publicidade

Letícia Carioly
7º período

Previsão do tempo, cotação das moedas, mercado de emprego, informações sobre trânsito e transporte público, programação cultural. Itens essenciais para nós, cidadãos, conduzirmos nossos planejamentos e executarmos as tarefas do cotidiano. A divulgação desses itens faz parte de uma modalidade do jornalismo chamada de prestação de serviços, especializada na informação utilitária, ou seja, tem o propósito de comunicar e orientar a sociedade acerca dos acontecimentos de interesse público. 

Nesse contexto, pode-se perceber que o termo "prestação de serviço" tem sido muito utilizado nestes anos dominados pelo capitalismo e pela indústria cultural. Esse material, quando não aborda assuntos de interesse público que oferece informações que o receptor necessita, estrapola os limites do jornalismo e acabam por incorporar características de publicidade, induzindo o homem ao consumo de bens simbólicos. Cabe ao jornalista definir o quê pode vir a ser o jornalismo que presta serviço ao receptor. 

Diante da importância do gênero e da questão levantada, foi elaborada uma enquete direcionada, sobretudo, a profissionais, professores, assessores e estudantes de Jornalismo, que pretende analisar os pontos de vista de quem produz a notícia. 

Qual é o limite que divide a prestação de serviço tradicional da publicidade? Quais critérios devem ser levados em conta para a produção da prestação de serviço em sua essência? 

"Acho que não existe influência da publicidade na prestação de serviço tradicional, visto que uma independe da outra. O que acontece nos horários de divulgação destes serviços, há a necessidade de se conseguir patrocinador, como em qualquer produto produzido pela mídia, até mesmo para que este produto (informação) tenha qualidade. Em resposta a sua pergunta, creio que informações precisas são estes critérios que devem ser levados em conta na prestação deste tipo de serviço" - Gutenberg Barbosa, jornalista e professor universitário.

"O limite que divide é o fato da prestação de serviço tradicional ser de informações teoricamente úteis para o modo de vida do cidadão, e a publicidade não necessariamente ser indispensável oara a vida de quem recebe a informação. Outra coisa que pode diferenciar bem a prestação de serviço da publicidade é que a prestação de serviço informa, por exemplo, quantas peças teatrais você pode escolher a assistir, e não induz a peça teatral a se assistir, como no caso da publicidade" - Caio Bitencourt, estudante de Jornalismo.

"O limite deveria ser respeitar e ver a notícia como protagonista e não uma simples coadjuvante. Sem que outras coisas tomem ou acabem dividindo seu espaço, pois quando isso acontece, ela se torna entretenimento ou parte dele. Casos assim são comuns em programas sensacionalistas, que exploram as notícias com um acréscimo publicitário. A tecnologia influenciou bastante na forma de se produzir notícias. Vemos um jornalismo que se desdobra de todos os lados, expondo problemas e se colocando na obrigação de buscar respostas e soluções para eles, o que é maravilhoso, visto que antes tínhamos um modelo que não tinha tanta intimidade com seu público e nem se preocupava em conhecê-lo. Atualmente, as mídias sociais têm mudado esse quadro jornalístico e isso tem sido benéfico para ambos os lados, que de alguma forma têm seus interesses atendidos. Para os programas jornalísticos, mais anúncios publicitários, lucros de patrocinadores e audiência, para a população, a "solução" de seus problemas expostos nem que seja por um momento" - Nathaly Mello, estudante de Jornalismo.

"De fato, o limite entre a prestação de serviços e a publicidade é o fator utilidade pública, sem vínculos comerciais. Os serviços prestados pelo jornalismo precisam fazer a diferença para o receptor e, de alguma forma, atrair esse receptor por proximidade e atualidade. Ao produzirmos um release sobre algum evento, lançamento de programas, por exemplo, produzimos um texto que enaltece a organização que trabalhamos. Isso faz parte da assessoria de imprensa, defender e solidificar a boa imagem da empresa. Porém, quando esse produto é recebido, analisado e divulgado pela imprensa, percebemos uma abordagem totalmente imparcial (ao contrário do nosso), mostrando que o jornalista é quem decide a forma como a notícia será fornecida ao público. Essa é uma forma de separar a "publicidade" implícita em releases da prestação de serviço em si, por exemplo" - Sandra Hoffmann, assessora de imprensa.

"Esse limite existente entre a prestação de serviço é algo substancial para que tal "prestação de serviço" tenha valor. Seu pilar principal deve estar embasado no que conhecemos como utilidade pública, onde trabalhamos em prol da sociedade e dos interesses sociais em alimentar a pretensão de receber algo em troca. É válido lembrarmos de exemplos corriqueiros que possam ilustrar o tema - programas televisivos e telejornais que aderiram essa modalidade de voltar-se , em determinados momentos, para assuntos de interesse público, que farão diferença para aquelas pessoas que precisam daquele serviço. RJ Móvel, Zé Lador (Jornal Extra). Portanto, o grande "X" da questão encontra-se centrado no fator utilidade pública. Naquilo que acaba sendo de suma importância e que quando colocado na balança resulta em algo ao mesmo tempo básico, mas que beneficia, prestando assistências e suprindo necessidades" - Nicola Helayel, repórter. 

Conclui-se que, diante da publicidade, o principal motivo pelo qual a prestação de serviços se torna único é o fator utilidade pública, ou seja, para que o jornalismo preste serviços à comunidade, essa notícia deve sustentar necessidades do cotidiano do cidadão e desenvolver a capacidade de exercer cada vez mais a cidadania. 

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