Por Beatriz Ventura, 6º Período
Os livros digitais trazem vantagens, mas não barram os fãs do livro impresso
Como será que Gutenberg reagiria se soubesse como as coisas mudaram
desde que ele criou a prensa ? Com o grande avanço da tecnologia, nem o
livro se salvou da atualização. Os e-books, livros que podem ser lidos
apenas em aparelhos eletrônicos, estão cada vez mais presentes na vida
das pessoas.
O primeiro e-book (abreviação de eletronic book,
que significa livro eletrônico) foi criado por Michael Stern Hart, ao
digitalizar a Declaração dos Estados Unidos em 1971. Hoje, em 2014,
existem milhões de títulos disponíveis em mais de 10 formatos
diferentes. Eles são comprados de qualquer lugar que tenha acesso à
internet, não ocupam espaço e sua visualização pode ser alterada de
acordo com a preferência do cliente. Por não demandar dinheiro para
impressão ou transporte e sua comercialização não ocorrer em lojas
físicas, os livros digitais custam menos.
“Eu não ligo de ler e-books, o bom é que economiza dinheiro”, confessa o estudante de jornalismo, de 20 anos, Mateus Ferreira.
Com
os livros digitais também surgiram aparelhos específicos para o
produto. Plataformas como o Kobo Touch (da Kobo) e Kindle (da Amazon),
prometem aproximar a leitura de um e-book a de um livro físico. Os
aparelhos são parecidos com tablets, porém utilizam uma tecnologia que
imita folhas de papel e iluminação que não agride tanto os olhos. Mas
para a estudante de jornalismo Gabryella Mendes, de 23 anos, isso não
foi suficiente para deixar de lado os livros impressos.
“Eu
tenho quase cem livros, e a cada novo que chega a alegria é a mesma.
Gosto do cheiro, de vê-los espalhados, senti-los nas mãos. Um e-book
nunca poderá me proporcionar isso” , explica Gabryella.
Esse novo
mercado também abriu portas para autores que buscam independência. Em
lojas virtuais e plataformas específicas fica mais fácil e barato
monitorar as vendas e divulgar o produto. A escritora e publicitária
Vanessa Bosso, de 38 anos, tem 11 títulos em e-book e alguns impressos.
Ela aderiu inicialmente ao formato digital por ser mais vantajoso
financeiramente.
“Os e-books são mais vantajosos por não
demandarem recursos financeiros. A desvantagem é que o público ainda é
pequeno”, conta Vanessa.
A escritora está certa. De acordo com o
gestor executivo da editora DSOP, André Palme, as vendas de e-book no
mercado brasileiro ainda representam 5% das vendas totais. Mas a
editora, que atualmente disponibiliza todos seus títulos tanto no
formato digital quanto no físico, acredita no futuro dos e-books.
“É
uma tendência natural de mercado. Embora as vendas de e-books ainda
representem uma parcela pequena no faturamento total, acreditamos que é
uma modalidade de leitura que
tende a crescer nos próximos anos, e as editoras que estiverem presentes neste momento sairão na frente”, afirma o gestor.
Apesar
de ser cada vez mais comum encontrar leitores de e-books, a plataforma
não vai substituir o livro impresso. Formada em Teoria Literária e
Ciências da Comunicação, Lucia Santaella é a autora do livro “Linguagens
líquidas na era da mobilidade” e aborda o assunto. No capítulo "Do texto impresso à hipermídia" ela afirma que o livro
em papel é um suporte imprescindível, já que ler textos longos é mais
confortável no formato impresso e ler em monitores não é uma atividade
natural. Sem contar que mesmo com as facilidades que o e-book
proporciona, sempre existirá pessoas, como Gabryella Mendes, que não
trocam o livro físico por nada.
“Pra minha sorte os livros impressos vão continuar, ou então a gente sai pra manifestar” , brinca Grabryella.
Gabryella prefere ler livros impressos |
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