Mc Markinho diz que não quer ser celebridade, apenas levar a palavra de Deus |
Por Rômulo Martins (7° período)
Ao contrário da maioria das crianças carentes que
sonham em ser jogador de futebol ou fazer parte do mundo funk, o gari Markinhos
nunca imaginou se tornar cantor. Nascido na comunidade Marítima, em
Niterói, casado há 25 anos, e com dois filhos, levava uma vida normal de
funcionário da Companhia de Limpeza de Niterói, quando decidiu abandonar o
álcool. Bêbado, se viu prestes a agredir a mulher numa "briga feia".
- Quase joguei o ferro nela. Minha filha de 2 anos,
que nem sabia falar direito, gritou para eu parar. Deus tocou o meu coração
através da voz dela. Hoje, tenho duas identidades: a do ano em que nasci e a
Palavra de Deus, meu novo nascimento – relata.
Mas foi na visita a um amigo que estava no
mundo do crime, que o funk tocou o coração do gari. O rapaz, com
talento para o estilo musical, o convidou para cantar juntos na igreja que ele
frequentava, já há 20 anos.
- Era a chance de resgatar meu amigo, assim como de outros jovens que levavam
aquela vida. Como o funk faz parte da cultura da comunidade, era a melhor
maneira de levar a palavra de Deus para eles – conta Markinhos.
Nessa época, o Mc fazia apenas a segunda voz. Para surpresa geral, o
sucesso aconteceu de forma rápida. Começaram assim a levar o evangelho para
outras comunidades e igrejas. A parceira infelizmente não durou por muito
tempo. Os amigos tinham interesses diferentes. Após uma briga, MC Markinho
percebeu que precisava continuar o trabalho sozinho.
- Subi em um monte e orando pedi a Deus que me guiasse, que mostrasse
como seguir sem meu parceiro. Quando comecei a descer, fui chamado por outro
amigo para me apresentar em sua igreja, e mesmo nervoso, fui. Quando comecei a
cantar, senti algo diferente, uma força maior, que me levantava naquele
momento. E tudo deu certo – completou.
Hoje, Mc Markinho Gospel concilia o trabalho de gari com a música, e
leva a palavra de Deus através do funk em comunidades e igrejas de toda a
cidade. Todo seu repertório é de autoria própria. ‘Só na Batida’, ‘Autoridade’,
‘Te Salvar’, ‘Crente Bocudo’ e ‘Rei Jesus’, são algumas delas. Há mais ou menos
cinco anos, gravou o CD independente ‘Na Batida da Unção’, que ele faz questão
de distribuir por onde vai, produzido pelo DJ Buchecha, com arranjo de Marcelo
Nascimento e participação especial do pastor Romero Duarte.
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