quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Suicídio no universo da música



Até quando nossos ídolos continuarão morrendo dessa forma ?

Luis Carlos Afonso Pires - 7º Período - Campus Madureira.


Infelizmente na internet ainda vemos pessoas, ainda bem que na sua minoria, ofendendo artistas de outros estilos por causa do seu gosto musical para tentar justificar as suas mortes e realmente é um tipo de realidade cruel das redes sociais.

Não existe humor, mas uma insensibilidade cruel nessas pessoas, um misto de pena e medo. Não sei se na frente do computador elas se transformam em monstros que as deixam tão frias e  ruins ou um tipo de comportamento e atitude que talvez nem reflita o que realmente são na vida real, um tipo de sentimento covarde ao se expressarem de forma pejorativa para taxar determinado artistas como ruins, independente dos seus gostos pessoais. 

É para refletirmos sobre esse mal, sobre o por quê disso, quando nós paramos pra pensar: “Como éque isso acontece com um cara que é bem-sucedido no que faz da vida?” Chester era um sucesso com sua banda Linkin Park, Chris Cornell com o Soundgarden e Audioslave. Então, o que poderia ser ruim em suas vidas ? Pelo jeito, fama e dinheiro realmente não são tão importantes assim. O problema é bem maior do que imaginamos, e pior, onde sequer vemos.

Resolvi perguntar para algumas pessoas sobre a morte desses artistas e toda repercussão acerca do acontecido. Um deles foi Marcio Barroso, Produtor de eventos em Manaus, que já trouxe nomes importantes da música, daqui e do exterior, como Testament, Kreator, Destruction, Accept, Amon Amarth, Plebe Rude, Inocentes, entre outras, ao que me respondeu: “A morte de uma pessoa nunca pode ser positiva. Abre uma alerta que a depressão é uma doença séria e que deve ser cuidada de forma imediata. É super grave por ser uma doença silenciosa. Outro ponto que demonstra é que nem sempre o sucesso traz felicidade para o indivíduo. Lamentável o Rock perder dois caras cheios de talento.”



                                             Cornell (Soundgarden) e Chester (Linkin park), ambos se suicidam recentemente.

Se lembramos de casos mais antigos, veremos que esse não é um problema de agora, seja em que circunstância for, casos bem conhecidos como Kurt Cobain do Nirvana e Ian Curtis do Joy Division, fora de outros artistas como Ingo Schwichtenberg, baterista da Banda de Heavy metal alemã Helloween, onde o músico se atirou na linha do metrô, pois o mesmo sofria de depressão e esquizofrenia. Tem também o caso da vocalista Punk, Wendy O Williams, que antes de morrer deixou uma nota com os dizeres: "Eu não acho que as pessoas devem tirar sua própria vida sem uma profunda reflexão por um considerável período de tempo. Entretanto, eu acredito piamente que todos têm o direito de fazer isso em uma sociedade livre. Para mim, o mundo não faz sentido, mas meus sentimentos a respeito do que eu estou fazendo tocam alto e limpo para o interior de um ouvido e um lugar onde eu não estou, há apenas a calma." 
Até quando teremos que ver mais e mais ídolos morrendo dessa forma? É preciso estarmos atentos, é uma “doença silenciosa e perigosa”. Há quem diga que é covardia, como se alguém que pense ou acabe se suicidando fosse capaz de dominar seus sentidos diante do problema. Talvez não seja tão simples assim. Conversei também com o músico carioca Luciano Vassan, guitarrista e vocalista do grupo Tamuya Thrash Tribe, que me respondeu: "Apesar de ser muito fã do Cris Cornell e não curtir muito o trabalho do Chester Bennington, recebi as duas notícias com a mesma tristeza. Ambos foram músicos de extrema importância para o Rock n Roll. O Cris, à frente do Soundgarden, foi peça fundamental na minha formação musical, junto com outras bandas como Pearl Jam, Alice in Chains, Metallica, Guns n Roses, Faith no More, dentre outras. Sempre acompanhei o Cris Cornell em todos os seus projetos, desde o Soundgarden, passando pela sua carreira solo, até o Audioslave. Ele sempre foi um exemplo para mim, tanto pelo seu trabalho impecável como músico, quanto pelo seu engajamento político. Foi através dessa galera que conheci o Rock n Roll e o Heavy Metal e tive acesso a todo um universo que até então era muito pouco conhecido para mim. Acredito que o Chester e o Linkin Park tenham esse mesmo peso para a geração que viveu a sua adolescência no início dos anos 2000. Eram dois grandes músicos, que ainda eram muito relevantes e extremamente produtivos, mas que por motivos que talvez nós nunca venhamos a entender, resolveram interromper suas trajetórias de sucesso e protagonismo no Rock internacional. Tenho certeza que o legado de ambos vai continuar influenciando gerações. Foram duas perdas irreparáveis para a música, mas o show tem que continuar".
Esses acontecimentos vão além do universo da música, mas certamente toma uma proporção maior quando a pessoa é pública e mundialmente reconhecida pelo que faz, mas de qualquer forma, é uma doença atual que vem crescendo a cada dia e tomando proporções catastróficas na sociedade. Ao citar os últimos acontecimentos com esses artistas, alertamos para o problema sobre a doença ser mais grave do que se imaginamos. Quanto vale o preço de nossas vidas ? Fica a reflexão.

LINKIN PARK
Formada nos Estados Unidos em 1996 em Agoura Hills, Califórnia. Desde a sua formação, a banda já vendeu pelo menos 70 milhões de álbuns e ganhou dois Grammy Awards.

SOUNDGARDEN
Formada em 1984, a banda fez parte da famosa "cena musical grunge" de Seattle, onde também saíram grupos como Nirvana, Pearl Jam e Alice in Chains.

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