sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

SAÚDE

Entrevista com a Podóloga Sylvia Madeo


Por Rose Madeo – 8º período

É no verão que as pessoas, mas, principalmente as mulheres, gostam de tratar do corpo. Malhar, cuidar da pele, bronzear. Porém, muitas dessas pessoas, acabam por esquecer que os pés também precisam de cuidados.

Sylvia Madeo mora em Campos do Jordão, São Paulo. Ela é podóloga há 22 anos e explica a importância de tratar dos pés.

Rose Madeo e Sylvia Madeo. Foto de Marta Coe.

O que é Podologia?
É uma ciência paramédica que cuida especificamente das doenças relacionadas aos pés.

Quais as patologias que o podólogo trata?
Onicocriptose, que é a unha encravada; Onicomicose, que é a micose da unha; Tinea Pedis, que é a micose de pele e Queratose Plantar, que é o espessamento da pele que formam os calos e calosidades, geralmente causados por atrito, pressão ou traumatismo demasiado na região. Muitas vezes, o calo é confundido com o olho de peixe.

O que é olho de peixe?
A Verruga plantar, vulgarmente conhecida como "olho de peixe", muitas vezes é confundida com um calo. Seu tratamento se dá através de cauterização que pode ser a criocauterização com nitrogênio ou com ácido nítrico fumegante. O podólogo é capaz de identificar e orientar a melhor forma de tratá-la. A verruga é um vírus e não deve ser "cutucada", pois pode contaminar áreas vizinhas causando uma "placa verrucosa", como também transmitir para outras pessoas. As cauterizações são realizadas semanalmente no consultório do podólogo, em média, são de 4 a 6 cauterizações, ou até o desaparecimento total da patologia.

Imagem da Internet

Quais os problemas mais comuns que ocorrem nos pés?
São vários os problemas, mas o que mais ocorre, são as micoses, que são causadas por fungos, principalmente na época do verão, e as unhas encravadas, por conta do corte incorreto. As pessoas costumam arredondar demais as unhas, causando o que chamamos de granolomapiogênico, que é a infecção das unhas.

Como se adquire as micoses?
O fungo que causa as micoses, pode ser adquirido em piscinas, praias e materiais não esterilizados em salões de beleza. A micose é altamente contagiosa e esses fornos ultravioletas que manicures e pedicures utilizam, não são eficazes para a esterilização, o ideal é usar uma estufa.

Qual o tratamento para as micoses?
Dependendo do grau da micose e do tempo que essa micose existe, o podólogo tem condições de tratar. A forma de tratamento é fazer curetagens no consultório, utilização de ácidos para “amolecer”, limpeza profunda na unha que está afetada, e o uso concomitante de medicamentos em casa, que é o medicamento oral receitado pelo dermatologista e os medicamentos tópicos que o podólogo indicar. É necessário ficar atento também para os calçados. Eles devem ser higienizados com antissépticos e colocados ao sol, pois eles ficam com os resíduos das unhas afetadas pela micose e podem contaminar novamente. Os esmaltes não devem ser usados, para que os medicamentos sejam absorvidos. É muito importante que o tratamento seja feito até o final, senão, a micose pode voltar.

Por que os pés descamam?
São vários fatores. Esfoliação que a areia promove, suor, porque os pés ficam mais úmidos, fungos de pele, ressecamento da pele. Existem cremes específicos para os pés, que ajudam com a prevenir a descamação.

Existe uma maneira para evitar as unhas encravadas?
Sim. Manter a unha quadrada e lixada, evitando cutucar os cantos. Costumo dizer que é um círculo vicioso. O cantinho dói, a pessoa corta o canto da unha, aí fica um buraco na lateral, enche de pele e quando a unha nasce, ela não tem mais o espaço dela, porque a pele tomou conta. A unha continua encravando, doendo e a pessoa vai lá e tira de novo.

Podologia x diabetes
Assunto grave, que merece muita atenção. Os portadores de diabetes mellitus, como é chamado, tem muitos problemas nos pés, nas extremidades em geral. Pela perda de sensibilidade, eles não percebem as lesões. As infecções nos pacientes portadores de diabetes são muito preocupantes, por ser mais difícil a cicatrização. Pode ser um calçado machucando, formando o calo, ou a unha cortada incorretamente, e a pessoa que não trata corretamente a doença, acaba não sentindo o ferimento e a infecção pode se agravar, podendo ocasionar uma gangrena, e até muitos casos de ter que amputar o dedo afetado e possivelmente o pé, por uma simples unha encravada, que no diabético não é simples. Por isso, é imprescindível sempre observar as extremidades e os pés dos diabéticos para verificar se há algum ferimento.

Saúde Pública oferece tratamento de Podologia?
É difícil encontrar hospitais públicos com podólogos. Em Guarulhos, sei que tem apenas um hospital que oferece esse tipo de tratamento. Nos hospitais, sejam públicos ou particulares, existem muitos casos em que o paciente procura um médico e o primeiro procedimento, é arrancar a unha ou fazer uma onicotomia, que é a extração de um grande pedaço da unha da lateral, onde a unha está encravada. Eu não aconselho a retirada da unha, seja completa ou parcial, porque na maioria dos casos, pode ter novamente o mesmo problema. O pós-cirúrgico é doído, a cicatrização é lenta, e se a pessoa for em um bom podólogo, ele vai resolver. Tirando a causa, o alívio é imediato. Depois, de 2 a 3 dias usando os medicamentos e aguardando a cicatrização, a cura é muito simples.

Podologia é um curso técnico ou tem curso superior?
A Podologia começou com um curso chamado Pedicuro, que é diferente de pedicure, que cuida apenas da beleza. O pedicuro desencrava uma unha e também era chamado de calista, por retirar calos. Era um curso pequeno, não tinham tantas exigências. Ao longo dos anos, foi evoluindo e passou a se chamar Podologia, que já era um curso técnico, e a pessoa já teria que ter o Ensino Médio completo e passava por provas. O curso era feito em 2 anos e meio. Quem oferecia o curso de Podologia e ainda é o melhor curso, é o SENAC. Hoje já tem o curso tecnológico, algumas faculdades oferecem o curso de Podologia. O Brasil é um dos poucos países que ainda não era nível universitário. Em outros países, como o Canadá, o curso é de nível superior, um nível paramédico de fato, e eles podem tratar de mais coisas do que o podólogo aqui no Brasil.

Podóloga Sylvia Madeo. Foto: arquivo pessoal.









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