Com a proibição de canudos de plástico, novas ideias surgem no mercado
Por Thaís Ferrão.Foto divulgação Thaís Ferrão
Canudos de inox se tornam produto de item pessoal para os consumidores |
Proibir o uso de canudos de plástico se estabeleceu como uma tendência irreversível em 2018. Distante de ser o principal problema de poluição por plásticos, o canudo funciona como uma porta de entrada para discussões mais profundas por ser um produto dispensável no consumo diário.
O Rio de Janeiro é a primeira capital brasileira a proibir o uso de canudos plásticos em quiosques, bares e restaurantes. O prefeito da cidade, Marcelo Crivella, sancionou o projeto de lei que proíbe a distribuição de canudinhos plásticos em estabelecimentos alimentícios. O projeto estipula multa de até R$ 3 mil aos estabelecimentos que descumprirem a lei, valor que pode ser multiplicado em caso de reincidência. Ao invés do plástico, o projeto determina o uso de canudos feitos de materiais biodegradáveis.
Nos Estados Unidos, mais de 500 milhões de canudos plásticos são usados diariamente, de acordo com uma pesquisa do governo. O Fórum Econômico Mundial relata a existência de 150 milhões de toneladas métricas de plásticos nos oceanos. Caso o consumo de plástico siga no mesmo ritmo de hoje, cientistas preveem que haverá mais plástico do que peixes no oceano até 2050.
Além de causar danos físicos a animais, o plástico, quando nos oceanos, pode liberar elementos químicos, que são cancerígenos e podem causar distúrbios hormonais, segundo a USP. Um estudo concluído recentemente descobriu ainda que o lixo plástico pode diminuir a imunidade de corais a doenças, causando sérios danos.
Os canudos de plástico têm, em média, dez minutos de uso antes de serem jogados no lixo. Pode passar despercebido para quem está apreciando um refrigerante ou suco, mas não para a natureza. O canudo, feito geralmente de poliestireno ou polipropileno, demora centenas de anos para se decompor, e estima-se que seja responsável por milhares de mortes de espécies marinhas todos os anos. Para ajudar na mudança deste cenário, um grupo de espanhóis criou a Sorbos, responsável pela produção de canudos biodegradáveis que podem ser consumidos após o uso.
No Brasil a adolescente Maria Pennachin, de 16 anos, desenvolveu um canudo biodegradável à base de inhame no laboratório do Colégio Estadual Culto à Ciência, em Campinas (SP). Além de poder ser descartado sem causar prejuízos para a natureza, o biocanudo é maleável e até mesmo comestível.
A ativista do meio ambiente Priscilla Saldanha, em parceria com a amiga e artista plástica paulista Marina Wolf, criou o canudo eco, uma alternativa aos modelos de plástico. O canudo ecológico, feito de aço inox reciclável e lixado à mão, é vendido por R$ 15 no site.
Fique atento
Embora nas buscas por opções que não sejam prejudiciais ao meio ambiente tenha crescido e ganhado espaço, é preciso estar atento a produtos como estes e observar se eles cumprem as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Como o canudo comestível deve ser destinado à ingestão, ele deve ser feito a partir de matérias-primas alimentícias nas mesmas condições sanitárias exigidas para a fabricação de alimentos convencionais. Mesmo que os produtos sejam constituídos por farinhas de cereais, sendo, enquadrado como Produtos de Cereais, Amidos, Farinhas e Farelos. Também é possível que os canudos comestíveis sejam feitos à base de alimentos derivados de farinhas de frutas e outros vegetais, classificados tecnicamente como Produtos de Frutas e Vegetais.
Já os canudos biodegradáveis têm uso de materiais que são decompostos mais facilmente, a partir da ação de micro-organismos. Ou seja, eles não são considerados alimentos, devendo ser regularizados como materiais para contato com alimentos.
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