quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Marimoon: de web celebridade a apresentadora de tv

Ivi Soares
7ºperíodo

Marimoon é o apelido da blogueira e youtuber Mariana de Souza Alves Lima, que ficou famosa na internet em 2003 através do fotolog, site que foi sucesso entre os jovens na época, desde então a Mari nunca saiu do mundo virtual e foi só se renovando durante todo esse tempo. Porém em 2008 ela se tornou apresentadora da Mtv Brasil. Hoje em dia a Mari tem um canal no youtube, onde da dicas de viagens, moda e fala um pouco sobre suas experiências. Além disso o blog Marimoon se tornou um espaço colaborativo e tem diversos colaboradores.
Confira a entrevista que fizemos com a Marimoon.

MN: Você foi a primeiras web celebridade do Brasil, em 2003 com o fotolog, hoje em dia existem muitas web celebridades e cada vez mais cresce o número de digital influencers. O que você acha que mudou na internet de 2003 até hoje?

MM: No início a internet era composta por pouquíssimas pessoas que tinham poder aquisitivo para comprar computador e que eram geeks o suficiente para saber programar uma homepage e fazer parte do universo online. Sem falar na velocidade que era ridícula (eu lembro de baixar wallpaper em ZIP e demorar um tempo) e na qualidade das câmeras. Então era difícil mostrar seu talento e as únicas mídias eram a TV, a revista, a radio, o cinema, etc. O famoso era aquele que tinha um programa, que era ator, que tava na capa da revista.
Depois que a internet, os computadores (e depois os celulares) e as câmeras de qualidade ficaram mais acessíveis (vale lembrar que pouco mais de 50% dos brasileiros estão conectados), estamos finalmente dando mais chance aos infinitos talentos que podem ser reconhecidos, porque cada um pode ser sua própria mídia e fazer nela o que bem entender.
E tem muita gente contribuindo cada vez mais em todos os setores: arte, entretenimento, jornalismo, educação... Estamos numa época muito interessante que está mudando completamente a nossa sociedade e a maneira que consumimos informação. Mas claro que mesmo tempo ficou mais fácil ver também o lado ruim dessa sociedade. Ficou mais fácil descobrir quem é racista, quem são os preconceituosos, quem está sofrendo abuso, onde estamos errando. E isso é ótimo porque vemos onde precisamos melhorar e trabalhamos em conjunto. Estamos todos de olho, tentando ajudar, tentando barrar quem oprime mudar a maneira da nossa sociedade de pensar. Se der tempo de salvar o planeta antes da gente destruí-lo, é capaz da gente evoluir e conquistar a paz mundial! Hahahah!

MN:  Você sempre chamou atenção pela autenticidade e por ser original, além do cabelo colorido. Como você encara os padrões de beleza que vivem surgindo na internet?

MM: É sempre difícil ser o único da sala que é negro, o único da família que é gay, a única da cidade que tem um look estranho... Num grupo, se tem uma pessoa que se destaca porque é de alguma maneira diferente, o normal é rolar um preconceito, uma reação negativa. Excluir aquela pessoa, rir dela, fazer bullying. O diferente causa estranhamento e a sociedade não gosta de coisas que estejam fora do padrão.
Ainda tem muitos lugares que são assim, normalmente cidades pequenas. Agora eu vejo São Paulo abraçar a diversidade. Respeitar o diferente e até aprender com ele. Não é fácil, inclusive foi uma luta sangrenta, né? Muita gente apanhou e até morreu por ser diferente. Ainda existem diversos casos terríveis onde o diferente ainda não é aceito.
Mas as minorias, especialmente com a internet e com a coragem dos que deram os primeiros passos, ganharam mais força uma com a outra e as pessoas agora têm mais coragem de serem elas mesmas, mesmo que isso signifique ser diferente da maioria. Seja qual for essa diferença! E ficou mais fácil, porque já não somos mais os únicos. Somos grupos! E quando somos muitos, deixa de ser algo tão estranho. A gente meio que obrigada os outros a se acostumarem com a gente. Acho muito lindo ver a coragem que as pessoas começaram a ter para mudar isso e assumir sua personalidade, suas verdades, mesmo que isso cause reações negativas nos outros. Aos poucos estamos vendo pessoas mais criativas, mais exóticas, mais ousadas, passeando por aí sem medo de ser feliz, com orgulho de poder ser eles mesmos. Não só em SP mas em outras cidades!

MN: Você também foi a primeira web celebridade a sair da internet para a televisão, como foi para você essa transição?

MM: Quando eu fui pra TV a internet ainda era difícil demais fazer vídeos. As câmeras não eram tão boas e os computadores menos ainda. Eu até que fazia uns vlogs, mas eram bem ocasionais, justamente pq demorava uma vida pra editar e o meu PC era super lento! E na época nem se falava em monetização, em ganhar dinheiro na internet... Eu estava focada em trabalhar com internet, mas minha opção era a loja online que eu abri no começo dos anos 2000. Lá eu vendia tudo que tinha a ver com o meu estilo!Eu peguei o jeito com as câmeras na MTV e só depois que fui tentar fazer vlogs. Basicamente, quando você tá na TV tem uma equipe enorme ali contigo fazendo um programa. Apesar de que na Mtv era tudo criado em grupo e eu nem tinha texto direito, só tinha que dar uma notícia com as minhas palavras, tinha um diretor, um roteirista, um chefe de núcleo, câmera, editor, equipe de arte, operador de som... muita gente!!! No canal de youtube, que é autoral teu (na maioria das vezes), você tem que fazer tudo sozinho e isso dá um suuuuuper trabalho. Pessoalmente eu gosto dos dois, mas confesso que adoraria ter uma equipe trabalhando comigo no meu canal pra me ajudar, porque eu não tenho tempo pra editar e sinto que daria pra fazer algo bem mais legal se fizesse algo em grupo. Não sou a típica vlogger, eu gosto mesmo é de fazer programas que contam algum conteúdo num formatinho mais planejado e com uma identidade gráfica bonitinha! Eu cheguei a fazer o Siga@MariMoon em parceria com uma produtora e ele ficou irado! Mas é caro, né? Precisa de patrocínio pra sustentar e o youtube requer atualizações mais frequentes e ainda não tenho tantas marcas me apoiando pra fazer algo que tenha um custo maior. Estou com diversos projetos lindos na manga, esperando parceiros! Acho que eventualmente eles começam a rolar, vamos ver!
 
MN: Muitos jovens se interessam e querem ser blogueiros e youtubers como profissão? 

MM: Muitos. Mas, mais do que pela grana, acho que tem que aproveitar a internet pra mostrar seu talento, suas ideias, criar um projeto legal, algo que seja maior do que você. Ser legal com as outras pessoas da internet, ajudar quem tá começando e precisa de uma força (podia ter bem mais disso) e nunca esquecer que a fama te possibilita muitas coisas legais pra você, mas pode ajudar intensamente muitas causas importantes, muitas causas que estão precisando urgente de ajuda. Vale trazer conscientização pro seu público sobre assuntos relevantes e ajudar o planeta, porque estamos precisando e muito!
 
MN: O principal meio de comunicação, ainda continua sendo a televisão. Você acha a internet pode vir a ultrapassar a televisão em algum momento?

MM: No inicio a internet possibilitou algo muito importante que a TV não tinha: escolher a hora e o local em que o público quer assistir determinado conteúdo. Então a TV começou a correr atrás com a programação "on demand", opções como o Netflix, que está chegando forte e dominando o mercado. Mas se você pensar bem, no fim é tudo conteúdo audiovisual. A maneira de consumir esse conteúdo mudou e os canais de TV, que na verdade são grandes produtoras e investidoras de audiovisual devem deixar de entregar seu conteúdo de forma linear, dando a oportunidade pras pessoas escolherem o que querem ver e que horas querem ver. Não sei o que o futuro nos reserva. São muitas opções e tudo depende de como pensam os caras que estão sentados nas poltronas caras tomando as decisões importantes.

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