Cineclube bem
representado no terceiro dia do Novembro Negro
Atividade debateu
racismo e protagonismo feminino, além de trazer uma oficina de bonecas Abayomi
Exibição do curta "Cores e botas" |
Por: Mayara Silveira, 7º período
O campus São Gonçalo do
IFRJ combinou cinema e artesanato no terceiro dia do Novembro Negro. O projeto
Cineclube trouxe a estudante de
Graduação em História da UFF e Bolsista PIBIC do Projeto CINEGRITUDE Clarissa
Pires e a professora de Geografia e estudante da Pós Graduação em Ensino de
Histórias e Culturas Africanas e Afro-brasileiras Gisele da Silva. Ambas
defenderam o papel da mulher negra na sociedade em uma roda de conversa após a
exibição dos curtas "CORES E BOTAS ", (2010), escrito e dirigido por
Juliana Vicente e “AS MINAS DO RAP”, também de Juliana Vicente e a série
“EMPODERADAS” – Episódio MC Sofia, escrita e dirigida por Renata Martins e
Joyce Prado. O evento ocorreu no dia 28 de novembro.
Ao
longo da semana, uma caixa foi deixada no corredor para que os alunos e demais
servidores deixassem depoimentos anônimos relacionados ao racismo. A aluna do
4º período do curso Técnico em Química e integrante do coletivo antirracista do
campus Maria Rodrigues leu alguns relatos e, a maioria deles, falava de
insultos sofridos pelos autores, em decorrência da cor da pele.
Clarissa
explica que os negros foram escravizados por brancos e estes legitimavam tal
prática a partir de um discurso socioeconômico de que ser negro é ruim, e isto
durou séculos. Para ela, a descriminação racial é algo institucionalizado e é
impossível falar de racismo reverso: ser chamado de ‘branquelo azedo’ não é o
mesmo que ser chamado de ‘macaco’.
Após os curtas e palestra |
Gisele
conta que o racismo é um sistema de poder e, por isso, só existe contra negros.
Ela lembrou de quando teve que cortar os cabelos – usava dreads – para conseguir
emprego. “Apesar do bom currículo, era descriminada pelo meu cabelo. Tenho uma
filha, tive que me adaptar ao mercado, só quando for concursada poderei me
assumir.”
Ela
diz que todos devem se assumir, mas não é o que acontece. Negros são obrigados
a se moldar para não serem excluídos. Blackpower,
tranças, cachos e turbantes, fazem parte da identidade negra.
As
duas finalizaram com a conclusão de que mulheres negras sofrem preconceito três
vezes: por ser negra, por ser mulher (machismo) e por ser pobre, já que grande
parcela das mulheres trabalha para sustentar a casa ou deixa de trabalhar para
cuidar dos filhos.
Oficina de boneca Abayomi encanta
Gisele
ensinou aos presentes como fazer uma boneca Abayomi, que em Yoruba significa ‘presente
precioso’. Reza a lenda que pata acalmar seus filhos durante as terríveis
viagens nos tumbeiros da África para o Brasil, as mães africanas rasgavam
retalhos de suas saias e criavam bonecas feitas com tranças e nós que serviam
de amuleto e proteção. Uma tradição que atravessou o tempo e que mostra a
importância da relação com o continente africano, assim como elemento de
afirmação e poder das mulheres negras.
Oficina de bonecas Abayomi |
Entenda o evento
O Novembro Negro é
uma parceria entre os projetos de Extensão Paro, Penso, Falo (?) e Cineclube e
o NEABI – Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas e foi criado em
homenagem ao dia Nacional da Consciência Negra e de Zumbi dos Palmares.
O campus São
Gonçalo do IFRJ iniciou as atividades do “Novembro negro” com a roda de
conversas do projeto de Extensão ‘Paro, Penso, Falo (?)’. O tema desta vez foi
"Não vamos falar sobre isso!': Racismo e o mito da democracia
racial", e o evento contou com a presença da banda ‘Dois Africanos’ no dia
19 de novembro, conhecida pela participação no programa de televisão
‘Superstar’.
Já no dia 26 de
novembro o pátio do campus foi espaço para muita música com a oficina de
percussão de Alex Melo. Ao longo da semana, o corredor do segundo piso recebeu
a exposição “Literaturas de Viagem no Haiti” Pesquisa de imagem por Miriane
Peregrino e Cenotecnia por Bruno Serpa.
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