segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Primeiro dia do evento Novembro negro do IFRJ São Gonçalo é um sucesso

Às vésperas do dia de Zumbi dos Palmares, Banda Dois Africanos cativa público e discute sobre etnia
Opai Bigbig defende que o negro deve conhecer a própria história e se orgulhar

Por: Mayara Silveira, 7º período


O campus São Gonçalo do IFRJ iniciou as atividades do “Novembro negro” com a roda de conversa do projeto ‘Paro, Penso, Falo (?)’. O tema foi "Não vamos falar sobre isso!': Racismo e o mito da democracia racial" e contou com a presença da banda ‘Dois Africanos’, conhecidos pela participação no programa de televisão ‘Superstar’. A estudante do 4º período do curso Técnico em Química e integrante do coletivo antirracista do campus Maria Rodrigues teve a ideia de convidar os cantores, já que o pai é empresário da dupla. O evento aconteceu no dia 19 de novembro, no pátio da unidade.

Opai Bigbig veio de Benim, país africano, é graduado em Filosofia e estuda Relações Internacionais na UFPB - Universidade Federal da Paraíba. Ele diz que não conta a própria história para que sintam pena, mas para ser respeitado pelo que é. Big defende que fechar os olhos para o racismo não é humano. “É mais fácil desistir, mas não escolhemos esse caminho.”

Ele diz que as pessoas são classificadas por cor e a classe social é definida assim. Em um episódio, ele e o parceiro de banda caminhavam por um shopping e seguranças os seguiram, por medo que roubassem algo. Big diz que os jovens são o futuro do país e devem estudar mais sobre a África, pois não há apenas locais pobres no continente.

Izy Mistura  diz que antes do Superstar seguranças atrás deles era sinal de racismo


A dupla fala mais de sete línguas, e dizem que isso não é questão de inteligência e sim de interesse. “Também existem países com boa condição financeira, as pessoas precisam parar de generalizar tudo, não é só miséria. Eu não passei fome, dá para notar” brincou, fazendo referência ao corpo robusto.

Big diz que nada deveria dividir as pessoas, seja religião, cor, dinheiro. Ele reconhece que no Brasil, mais importa o que você tem do que quem você é. Já Izy Mistura estuda Letras/Francês na UFCE - Universidade Federal do Ceará e conta que já foi desprezado por brasileiros. No Togo, na África - onde nasceu - as coisas não são assim, pois a maioria das pessoas é negra.

Izy só entendeu os rumores do racismo no Brasil quando chegou aqui. Para ele, há um processo onde o negro brasileiro tem problemas para se aceitar pela cor. Os cantores dizem que há muito sobre a história dos negros que não é contado. Em homenagem ao dia da Consciência negra, a dupla convidou os discentes a olhar para o colega ao lado e enxergar as atitudes, a personalidade e o que realmente importa. “Somos todos seres humanos. Deus não dividiu o povo geograficamente nem distinguiu de forma alguma.”

Palestra lotada e com surpresa no final: a banda cantou ao vivo



O Novembro Negro é uma parceria entre os projetos Paro, Penso, Falo (?) e Cineclube e o NEABI – Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas. Confira a programação do Novembro Negro do IFRJ São Gonçalo:


Programação completa.


Nenhum comentário:

Postar um comentário